terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Não gosto daquilo em que me estão a tentar transformar!

É verdade! Não gosto daquilo em que me estão a tentar transformar…. Se pensar um pouco em como estou/sou no meu local de trabalho diria: tenho turmas com as quais me relaciono muito bem, as aulas decorrem bem, gosto imenso de estar dentro das 4 paredes da sala de aula. Sinto-me completamente à vontade, não tenho problemas de indisciplina (só tenho turmas de 11º ano e 12º ano de escolaridade), os alunos correspondem aos meus desafios e em alguns casos superam-nos. Sinto-me realizada. Mas e os tempos fora das 4 paredes da sala de aula? Bom, passo os intervalos de sobrolho franzido provocado, ora pelo barulho que se faz ouvir no pavilhão onde um gabinete com poucos metros quadrados foi transformado em sala de professores, ora pelo café que a máquina me vendeu que está morno e com um sabor horrível, ora pelo frio que se faz sentir, ora pelo falta do convívio entre pares, ora pelos despachos que este Ministério vai “vomitando” em dias de grande azia e fel…. Estou mais triste, mais sisuda, mais zangada, mais desiludida…
Eu gosto de ensinar. Mas eu gostava também de todo o ambiente que se vivia na escola e que a tornava tão atractiva. Eram as conversas entre colegas em “furos” do horário, eram os momentos de anedotas que se viviam com uma alegria enorme, era a partilha de um mau momento (pessoal ou profissional), eram os trabalhos com alunos fora de horas lectivas e não lectivas na cozinha da escola, nos laboratórios, na biblioteca e no polivalente…. Era o viver a ESCOLA.
E agora? Não gosto do que vejo e do que pressinto em que se vai tornar a escola pública. Muitos de nós estão mais preocupados com o que fazer para ser bem avaliado e, por isso, anda sempre de máquina fotográfica (no mínimo!) em punho para ficar com as evidências, faz muitas actividades para as evidências, trabalha só para as evidências!
E quais são afinal as evidências? Os alunos lucram alguma coisa com elas? E a ESCOLA?
Estamos completamente divididos. Conseguiram. E não foi difícil descobrir onde quebrar a corrente que nos unia!... Era tão fraquinha….
Cada vez mais me convenço que tudo não foi mais que um “show off”. Foi tudo muito politicamente correcto. E agora? O que é politicamente correcto? Talvez dizer: Sim, meu amo! Manda que eu obedeço. É para isso que eu cá estou!”
Não tenho vocação para gueixa.
A minha vocação é mesmo ser professora.
É por isso que não gosto daquilo em que me estão a tentar transformar!

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